sábado, setembro 30, 2006

Santiago de novo

Perdemos um pouco a hora e acordamos apressados para pegar o ônibus para Santiago.
Na noite anterior havíamos conversado com meu tio que mora na capital e ficamos de passar algumas noites na casa dele antes de voltar para o Brasil.
Isso obrigou uma certa negociação com a Minha Mineira, mas no final das contas decidimos ficar lá mesmo. Com isso, liguei para meu amigo peruano e avisei que passaríamos lá para nos despedir e para pegar os vinhos que havia deixado lá no apê dele.
Tomamos um café da manhã bem light e corremos para pegar o ônibus que passava bem perto da casa da minha avó.

Antes de Santiago, uma avaliação sobre a estadia na casa da minha irmã em Conce: a Minha Mineira perdeu um brinco, eu deixei meus anéis preferidos e não conseguimos localizar meus óculos escuros.

Voltando à viagem a Santiago, como havíamos tomado o cuidado de avisar meu tio sobre os nossos planos de viagem, a chance de Viña e Valparaíso é bem razoável.
Isso provavelmente vai rolar no domingo. Hoje, a programação inclui a compra de vinhos e uma visita ao mítico Estádio Nacional.

Como um azar nunca vem sozinho, tivemos mais uma baixa na viagem: a câmera digital pifou e teremos que nos virar com a tradicional, mas antes teremos que providenciar pelo menos mais um rolo de filme. Shit happens.

Chegamos a Santiago por volta de 11:00hs e iniciamos a aventura do metrô.
Foi bem complicado lidar com as toneladas de bagagem que tínhamos, mas contamos com a ajuda de alguns guardas e com alguns providenciais elevadores para sair da estação Universidad de Santiago, fazer baldeação em Tobalaba e descer na estação Francisco Bilbao, onde meu tio estava nos esperando.

Descemos todas as malas com a dificuldade habitual e ainda tivemos que lidar com o medo da Minha Mineira do novo cachorro da casa, uma huski siberiana chamada Luna.
Na sequência, fomos ao supermercado onde compramos uma fortuna de vinhos e geleias: os primeiros para nossa adega e os demais para presente.
No Chile é muito fácil comprar vinhos no supermercado pois o preço é bom e a qualidade e conservação não são muito inferiores aos das lojas especializadas.

Voltamos, almoçamos, descansamos e saímos para dar uma olhada no mítico Estádio Nacional.
Infelizmente já era tarde e a luz não nos ajudou a tirar fotos, mas valeu pela experiência de conhecer de perto (conseguimos dar a volta pela parte interna do estádio) um lugar tão marcante na história do país.

Mais uns momentos de descanso na casa do meu tio e depois um jantar em um bar-restaurante de Bella Vista chamado Malecón Habanero que, como o nome sugere, era um lugar de inspiração cubana onde imperava o semi-profissionalismo. Da comida ao show, tudo tinha jeito de improvisação e acabamos ficando lá mais por educação do que por gosto.
O passeio valeu mais por andar no Le Baron do meu tio.

Fomos dormir cansados e meio bêbados, ou seja, nada prontos para a viagem a Viña e Valparaiso no dia seguinte.

sexta-feira, setembro 29, 2006

O começo da volta

Acordamos às 05:30, tomamos banho, comemos, nos despedimos da minha sobrinha e pegamos o táxi para a rodoviária.

Para nossa surpresa, não havia nenhuma loja da empresa Pullman del Sur, o que nos obrigaria a comprar as passagens para Santiago lá em Villa Alegre.

Ao nosso lado no ônibus veio um grupo de jovens americanos, provavelmente na mesma balada de férias que a gente. Eram quatro meninas (surpreendentemente bonitas) e dois caras, sendo que um deles estava fazendo aniversário, o que rendeu um falatório interminável durante a viagem.
Os americanos desceram na estação de Chillán e nós no trevo de Villa Alegre, de onde tomamos um táxi e encontramos com a minha avó, que nos serviu café da tarde e uma boa conversa.
Logo depois, saímos com a minha avó para comprar as passagens e depois para visitar a igreja histórica, que infelizmente estava fechada.

Mais tarde chegaram meu tio e moça que ajudava a minha avó para se juntar a nós na conversa até a hora de dormir.

Gastos:
Táxi - $ 3000,00
Táxi - $ 2000,00
Passagens - $ 8000,00

quinta-feira, setembro 28, 2006

História

Acordamos cedo, tomamos banho e fomos tomar café com meus primos advogados em uma café (ou cafeteria) chamado Quick "alguma coisa", em frente aos Tribunales.
A conversa foi breve, mas gostosa, até que meu tio, também advogado, se juntou a nós e ficamos lembrando dos verões do passado na Casa Grande de Villa Alegre ou na casa do lago.

Nos despedimos e um dos meus primos nos acompanhou até a rua San Martin onde pegamos um ônibus até a cidade vizinha de Talcahuano para visitar o navio Huáscar. Para referência futura, o ônibus era o Base Naval - Puerta Los Leones.

O Huáscar está ancorado em uma base da Marinha chilena e existe uma série de restrições de acesso e fotografia no local. É uma ótima idéia estar com o passaporte na mão para não ter problemas para entrar.
O navio é cheio de história e representa uma das principais vitórias do Chile na Guerra do Pacífico, contra o Peru, em 1879. Na batalha em que o Chile tomou o navio, orgulho da Marinha peruana, o comandante Arturo Prat, um dos maiores heróis militares chilenos e capitão do navio Esmeralda, morreu em combate.


Placa que apresenta o navio para o visitante



Local onde morreu Arturo Prat



Detalhe externo do navio



Reconstituição da sala de máquinas



Armas


















Como o horário de visitação havia terminado, tivemos que sair do navio e passear pelas praças ao lado da base naval.
Nesse passeio encontramos um senhor chileno que vivia há 30 anos no Canadá. Depois de alguns minutos de papo e de troca de experiências sobre a vida longe da terra natal, ele se despediu e continuamos tirando fotos dos canhões e dos barcos





























Caminhamos um pouco e entramos no Club Náutico que ficava ao lado da base e do navio. Lá dentro, demos de cara com três leões marinhos descansando no pequeno porto. Dois deles tinham feridas no pescoço, provavelmente causadas por encontros violentos com redes de pesca.
Pensamos em fazer algo para ajudá-los, mas acabamos desistindo depois de várias fotos. Afinal de contas, eles ainda eram animais selvagens e nossa inexperiência poderia ser trágica.




 












Tomamos o ônibus de volta e descemos ao lado da Fuente Alemana, onde almoçamos um sanduíche monstruoso e gostoso.
Ligamos para a minha irmã e decidimos visitá-la na Clinica Francesa onde ela estava com meu sobrinho, fazendo uma avaliação do seu problema de refluxo. Para chegar lá, caminhamos até os Tribunales e tomamos um ônibus em direção a Chiguayante. Pedimos ajuda ao motorista que nos avisou sobre o local para descer.
Descemos do ônibus, caminhamos até a clínica e logo estávamos com minha irmã e meu sobrinho.

Ficamos lá só um pouquinho, o suficiente para comprovar que tudo estava bem, e fomos embora pouco depois da chegada do pai do menino.
Pegamos outro ônibus e voltamos para casa, onde encontramos minha sobrinha e a babá.

Ligamos para a casa do meu tio e falamos com meu primo, que veio nos buscar de imediato.
Ficamos um pouco na casa do meu tio, onde conversamos, comemos, vimos fotos e combinamos as próximas viagens.
Voltamos para casa por volta das 22:30 e fomos dormir já que o dia seguinte começaria muito cedo.
Antes de dormir, ligamos para uma empresa de táxi e combinamos o transporte para a rodoviária no dia seguinte.

Gastos:
Ônibus - $ 740,00
Telefone - $ 300,00
Entradas - $ 2000,00

Ônibus - $ 740,00
Fuente Alemana - $ 5360,00
Gorjeta - $ 500,00
Ônibus - $ 740,00
Ônibus - $ 740,00

quarta-feira, setembro 27, 2006

Família em Conce

Acordamos tarde, tomamos banho e café e acompanhamos a minha tia até a casa do lago, para pegar alguns itens de cozinha.
A casa estava bem diferente e mais bonita do que eu me lembrava, mas Lanalhue continuava Lanalhue.





Tiramos algumas fotos e logo voltamos para Cañete, onde almoçamos e pegamos carona com o meu tio para Concepción. Ele tinha que fazer um exame oftalmológico na cidade e aproveitamos a ocasião.
No caminho, paramos em Lota, uma cidadezinha decadente, lar de uma das maiores minas de carvão do mundo, hoje desativada. Atualmente a cidade é conhecida por um grande número de alcoólatras, um dos maiores por metro quadrado do mundo.

Fizemos uma viagem tranquila até Conce e meu tio nos deixou em frente à casa da minha irmã e foi para a sua consulta.
Desembarcamos, deixamos as malas e saímos para comprar a passagem para Villa Alegre.
Na volta, demos uma passada na universidade e dedicamos um tempo especial à Laguna de los Patos, que tinha alguns belos exemplares de cisne de pescoço preto.





Voltamos, acertamos algumas coisas para o dia seguinte e fizemos algumas ligações. Em uma delas combinamos um café da manhã com meus primos advogados.
Com esse acerto, decidimos trocar o horário das passagens (das 09:30 para as 13:45) e saímos novamente.
Pouco depois, ligamos para o meu primo e para meu tio e nos despedimos deles.
Dali a pouco, meu tio apareceu trazendo uma garrafa de vinho de presente.
Agradecemos muito e nos sensibilizamos com o gesto, por isso conversamos e decidimos alterar novamente a passagem e ficar mais um dia na minha terra natal.

Gasto:
Passagem - $ 6000,00

terça-feira, setembro 26, 2006

O Pacífico

Após mais um despertar tardio, tomamos banho, café e partimos para Lebu, acompanhando meu tio, que tinha um trabalho para fazer na cidade.
No dia anterior havíamos acertado a volta para Conce de carro, já que meu tio tinha um exame médico agendado para a tarde de quarta.

Chegamos a Lebu depois de uma viagem curta e nos deparamos com uma manifestação de professores interditando uma série de ruas do Centro. Tivemos que fazer um pequeno desvio, mas logo chegamos ao juizado, onde meu tio foi fazer seu trabalho e nós ficamos no carro ouvindo a trilha sonora da pela "El hombre de la Mancha".

No caminho para Lebu, meu tio me contou que, apesar de não serem os únicos índios do Chile, os mapuches são os mais conhecidos já que obrigaram a Espanha a travar uma guerra de conquista de quase 400 anos.
Os principais líderes mapuches foram Lautaro, exímio estrategista, e Caupolicán. Por conta dessa notoriedade, não raro se encontra o nome desses dois em ruas, praças e monumentos por todo o Chile.

Depois do trabalho no juizado, fomos todos para a praia, onde visitamos as cavernas e tiramos algumas fotos.
Compramos uma pedra quadrada para nós e outra para uma amiga e voltamos para casa para guardá-las. Depois fomos ao Fuerte Tucapel, onde fomos atendidos por um simpático senhor que fez papel de guia, e à praça central e voltamos para casa.





A paisagem nos remeteu a lugares como Fernando de Noronha e agradou bastante a Minha Mineira.

Depois de alguns minutos, caminhadas e tentativas de atravessar cavernas escuras de carro, passamos pelo porto artesanal no rio Lebu e voltamos para Cañete.



A volta foi bem mais rápida, provavelmente devido à fome de todos, e chegamos à casa da minha tia pouco depois das duas da tarde.


Uma maça mapuche na entrada da cidade



Postes de ferro simulando árvores


Almoçamos bem e nos deitamos para descansar enquanto víamos "Godzilla".
Desistimos de ver o final do filme e saímos para comprar as pedras de amassar alho e visitar os pontos turísticos da cidade.
Compramos uma pedar para nós e outra para uma amiga e voltamos para casa para guardá-las. Depois fomos ao Fuerte Tucapel e à praça central e voltamos para casa.


A praça central



Mais praça central



Estátua de Lautaro na praça central



A vista do Fuerte Tucapel



Mais Fuerte Tucapel



Detalhe do jardim da casa da minha tia


Em casa, encontramos meu tio que nos levou para uma nova caminhada, deste vez com destino ao clube social da cidade, onde nos mostrou o lugar onde morou por alguns meses, logo depois de chegar.
Voltamos mortos de frio, jantamos, bebemos e fomos tomar banho.


Os mariscos do nosso jantar.


Gastos:
Tortilla - $ 150,00
Pedras de amassar - $ 4000,00
Guia no Forte - $ 500,00
Sorvetes - $ 900,00

segunda-feira, setembro 25, 2006

Assuntos de família

Acordamos tarde e decidimos ir a Cañete para visitar meus tios. Minha irmã não curtiu muito a ideia por conta de conflitos anteriores, mas eu estava lá para tentar consertar algumas coisas, mesmo que os eventuais erros não fossem meus.

A pequena preparação da viagem passou por alguns e-mails para o Brasil, um café da manhã tomado praticamente em pé, uma pesquisa dos terminais rodoviários de Conce e tentativas falhas de conversar com a minha irmã.
Como já estava na hora de sair, nos despedimos da minha sobrinha e fomos caminhando até o Centro para trocar dólares e pegar o ônibus.
Depois de 40 minutos de caminhadas, chegamos ao terminal, fizemos um lanche e embarcamos.

O ônibus demorou um pouco para sair de Conce e acabamos pegando chuva no caminho, mas depois de duas horas e vinte de viagem, chegamos a Cañete.
A tia Gabi nos encontrou na rua (as maravilhas das cidades pequenas) e nos levou para dentro da casa. Tomamos um chá, conversamos um pouco e depois fomos dar uma volta (a pé) pela cidade.

Voltamos pouco depois, encontramos meu tio, conversamos mais, tomamos mais chá (em matéria de chá, o Chile é praticamente a Inglaterra) e fomos ver a novela Complices na TVN.

Depois da novela, fomos jantar, com direito a muito vinho e ponche e fomos dormir como dois anjinhos bêbados.

domingo, setembro 24, 2006

Na neve

Apesar de termos colocado o alarme para as 8, não saímos da cama antes da 9, o que, somado ao demorado (e leve) café da manhã, fez com que chegássemos à estação de esqui por volta das 11:30.
O esquema do café da manhã no hotel funcionava de duas formas: ou se compram os itens e se usam as dependências da cozinha e do refeitório ou se compra o café e se come o que estiver disponível. Isso vale também para as demais refeições.


O Albergue da Juventude no caminho para a estação


Tanto o caminho quanto o entorno da estação são muito bonitos e rendem várias fotos para quem estiver disposto a parar a cada dois minutos. Como eu realmente ainda não estava no pique, tirei algumas fotos de dentro do carro e continuei subindo.


O entorno



Vista panorâmica da estação


Uma vez na estação acabou rolando uma divisão em dois grupos: no primeiro foi liderado pelo meu primo que já possui grande experiência na neve e que serviria de instrutor para a galera e no segundo fiquei eu e meu sobrinho de colo. Confesso que, apesar do cansaço noa braços, não foi nada ruim segurar o moleque nos braços enquanto ele dormia sossegado e quentinho no meio daquela neve toda.

Pouco mais de uma hora depois, minha irmao voltou mancando: ela havia levado um feio tombo frontal e por pouco não se machucou com mais gravidade. Seria mais uma para eu carregar no colo e aí eu acho que a coisa ficaria feia pois a idade já não me permite certas estripulias.

Àquela altura eu já havia desistido de esquiar, mas de tanto ouvir as insistências da Minha Mineira, acabei mudando de idéia e comprando o passe para meio dia, que era a única coisa que valia a pena naquele momento. Com isso acabei abrindo mão de um passeio de trenó puxado por huskies, mas tudo bem. Não se pode ter tudo na vida, pelo menos não tudo ao mesmo tempo.

Ao me ver pegando os esquis, minha sobrinha se animou e me seguiu.
Desci a pista de iniciantes uma vez e depois me dediquei a ajudar a minha sobrinha nos rudimentos da neve. Acabei novamente virando um pseudo-instrutor mesmo tendo cerca de 12 horas de experiência com esquis, neve e estações.
Eu a ajudei a ficar em pé e curtir mais a experiência, já que até então ela não estava gostando da tarde. Parece que depois das minhas aulas porcas, a coisa melhorou.
Logo depois ela quis comer alguma coisa com o meu primo e os filhos dele e eu pude descer mais vezes. Desci tantas vezes quantas foram necessárias para ganhar controle sobre os esquis, mas isso não era nada comparada à performance da Minha Mineira, que desceu mais de 20 vezes e seguramente foi quem mais aproveitou a tarde de esqui.


Para baixo todo santo ajuda


O caminho de volta para devolver os esquis foi a hora das paradas para tirar fotos e de comprar mais coisas para comer no hotel.
Comemos, tomamos banho, jantamos, pagamos e fomos embora.


Uma das paradas fotográficas



Outra parada


No caminho, paramos para tomar um café e seguimos para Conce, onde chegamos perto da meia-noite, pelo mesmo caminho da ida.
A segunda experiência da Minha Mineira na neve havia sido infinitamente melhor do que a primeira e ela já estava animada para a terceira, mesmo que isso demorasse alguns anos.

sábado, setembro 23, 2006

Indo para o frio

Meu primo ficou de nos pegar às 09:30, o que nos fez acordar bem cedo para preparar as crianças e as nossas próprias coisas, mas parece que ocorreu um pequeno problema de comunicação e ele chegou somente às 11:00.
Mesmo que já tivéssemos tomado café da manhã, demoramos um pouco para sair, passamos para pegar meu outro primo e (mais importante) seus equipamentos de esqui e finalmente pegamos a estrada.

Não demorou muito e paramos novamente já que havia que abastecer os carros.
Meu primo havia me emprestado o carro da esposa dele e como era do mesmo modelo do nosso, me senti literalmente em casa.
Colocamos todas as crianças para fazer xixi, compramos uns sorvetes e voltamos para o caminho de Chillán, a Rodovia do Itata, um caminho novo e bem confortável.

Não foi lá muito difícil chegar até Chillán, mas o mesmo não pode ser dito do nosso trajeto até o shopping. Nos perdemos muito até conseguirmos chegar lá e acabamos entrando pela parte que o shopping dividia com o mercado, o que nos colocou à mercê dos "promotores de vendas" dos restaurantes.
Como a esposa do meu primo não era muito fã dessas comidas mais "autênticas", escapamos rapidamente pelos corredores e logo chegamos ao setor das lojas.
Chegar à praça de alimentação foi fácil e logo depois começou outra peregrinação: decidir o que cada um ia comer.
A prudência nos fez cuidar dos nossos próprios narizes e não demorou muito até que estivéssemos nos perdendo novamente pelas ruas de Chillán.
Felizmente encontramos o caminho para a montanha e seguimos animados em busca da neve nas Termas.


A neve lá longe,...



...um pouco mais perto...



...e bem pertinho mesmo.


Chegamos às Termas por volta das cinco da tarde e começamos a nossa peregrinação para alugar roupas e equipamentos de esqui para todos, inclusive para as crianças.
A idéia era fazer isso antes de ir dormir, pois no dia seguinte sairíamos cedo para a estação.
Depois de várias subidas e descidas no morro, finalmente augamos o equipamento. Isto é, quase todo, por que ainda tivemos que apelas para umas barraquinhas de beira de estrada (em frente ao Albergue da Juventude) para comprar luvas para quase todo mundo.
Apesar do vai e vem, acabou sendo divertido.

O lugar onde ficaríamos se chamava Ruca Piren e fornece descontos aos funcionários da siderúrgica Huachipato, caso do meu tio. Além desse benefício, esse meu tio ainda é amigo do dono do lugar, o que nos trouxe um muito bem vindo desconto de 50% na diária.
Cada quarto, com capacidade para 6 ou 7 camas ficou em $ 15.000,00.

Depois de devidamente acomodados, fomos matar a fome na pizzaria Chilin, que ficava um pouco abaixo da pousada, na mesma estrada. Pegamos duas mesas redondas no fundo do lugar e tomamos um bom vinho e comemos um pizza honesta, mas bem longe do meu sonho de consumo.
Saciados, enfrentamos o frio e voltamos para o hotel, para descansar a carcaça e preparar a mente para o festival de tombos do dia seguinte.


A pizzaria salvadora


Gastos:
Pão: $ 390,00
Gasolina: $ 25000,00
Banheiro: $ 100,00
Roupas de esqui: $ 14500,00
Pizza: $ 10000,00
Luvas: $ 7500,00
Bebidas: $ 1500,00
Tickets: $ 20000,00
Casa: $ 10000,00
Águas: $ 1400,00
Posto: $ 990,00
Telefones: $ 200,00
Passagens: $ 5000,00
Lanches: $ 2200,00

sexta-feira, setembro 22, 2006

Dia do nada

Para começar outro dia em Conce, duas observações:
- o som do momento no Chile é o reggaetón de Daddy Yankee, Vico C e outros; tudo me parece muito parecido a um "rap hispânico";
- o país vive várias ocorrências de greves e enfrentamentos de funcionários da saúde e de professores, uma coisa bem próxima dos protestos com queima de ônibus que costumam acontecer no Rio.

Acordamos tarde e tínhamos planejado ir até Talcahuano para ver o Huáscar, mas minha irmã me disse que infelizmente não poderia ir por conta de problemas de trabalho.
Por conta disso, assumimos que nada aconteceria naquele dia e resolvemos não brigar com o mundo por conta disso.

Almoçamos o macarrão de panela de pressão da Minha Mineira (sem carne no molho) e ficamos a tarde inteira vendo o concurso de Miss Italia na TV.

Ficamos em casa até o final da tarde quando saímos em direção à Ripley e aos seus balcões de ofertas.
Depois de muito pesquisar e experimentar, a Minha Mineira comprou um conjuntinho de veludo, que obviamente não poderia ser trocado em caso de problemas.
Felizmente nada aconteceu e ela saiu feliz com a nova aquisição.

Voltamos à Trigales onde tomamos un café e ficamos um bom tempo conversando.

Quando chegamos em casa, minha irmã nos informou que nossa ida para Termas de Chillán estava confirmada para a manhã seguinte, o que nos deixou bastante saitisfeitos.
Voltar a esquiar seria uma ótima forma de compensar aquele dia inteiro sem atividades.

Para embalar o sono, uma sopinha Maggi e pouca conversa.

Finalizando o registro do dia, mais uma observação importante:
- descobrimos que a presença massiva de bandeiras nas casas possui um componente de "incentivo" por parte do governo: uma lei que rende uma multa a quem não exibir o estandarte em frente de casa.
Desse jeito, até no Brasil, que só mostra seu patriotismo em época de Copa do Mundo, a coisa funciona.

Gastos:
Compras: $ 3580,00
Café: $ 1320,00

quinta-feira, setembro 21, 2006

Compras

Mais uma manhã preguiçosa, como devem ser as manhãs durante as férias.
Só saímos de casa depois da uma da tarde e fomos encontrar a minha irmã em frente ao Almacenes Paris da Barros Arana.
Aliás, por falar nisso, notei que ao contrário do que acontece no Brasil, aqui no Chile ainda perdura com muita força o conceito de grandes lojas de departamentos, ao estilo do saudoso Mappin, que eu adorava visitar para me perder no andar dos brinquedos.
Além da Paris, existem a Falabella e a Ripley, todas com fachadas bem coloridas, muita variedade de produtos e muita bagunça, principalmente durante as liquidações.
Comparando todas as propostas, fiquei com a impressão de que a Ripley é a mais popular delas e a Falabella a mais sofisticada.
Uma semelhança entre todas é a segurança ostensiva, opressiva e militarizada, onde os seguranças te seguem aos provadores, não param de falar nos walkie-talkies, te olham com cara de poucos amigos e fazem questão de ser antipáticos, principalmente quando questionados sobre alguma orientação na loja.
Notei o mesmo com os seguranças dos supermercados.
Parece que vestir um uniforme faz mesmo diferença neste país.

Mesmo que nosso ponto de encontro fosse a Paris, acabamos fazendo compras na Ripley, o único lugar onde encontramos a calça que minha sobrinha tanto queria.
De lá caminhamos na direção do Bairro Universitário e almoçamos em uma lanchonete de kebab chamada Waya´s Gyros, que fica na Plaza Peru. Como tenho um certo receio daquele amontoado de carne servido aqui no centro de Sampa, fiquei com dúvidas se deveria encarar o quitute, mas minha irmã me convenceu e partimos para cima da comida.


A casa do kebab


Voltamos para casa, terminamos de ver o filme e saímos logo depois com a intenção de conhecer o Mercado Central, um lugar onde meu pai deve ter passado horas e horas durante seus tempos de faculdade.
Como vínhamos com a imagem do mercado de Santiago na cabeça, entrar no de Conce foi bastante decepcionante. O lugar parecia meio abandonado e estava bastante mal cuidado, com pouca iluminação e muito poucos atrativos para o público.
Fiquei pensando em como meu pai ficaria triste em vê-lo desse jeito.
Como já estávamos lá, aproveitamos as lojinhas populares da parte externa e compramos alguns presentinhos para as filhas dos amigos.

Do mercado caminhamos até a Catedral e fizemos os tradicionais três pedidos ao entrar nela pela primeira vez.
A Catedral fica na Plaza Independencia e como estávamos com fome, pegamos a Calle Caupolicán e fomos tomar café e comer empanadas no Café Trigales, que serve também doces argentinos (que levamos para casa) e é bastante agradável, apesar do excesso de fumaça de cigarro.


O Trigales


Caminhamos de volta para casa e fomos decidindo o que teríamos para o jantar.
Era necessário fazer isso logo para que pudéssemos ir ao supermercado e comprar as coisas.
Terminamos a noite comendo queijos, tomando vinhos e conversando sobre o passado no Brasil. Apesar do cansaço, foi um belo dia em família.

Gastos:
Presentes: $ 5000,00
Café: $ 4600,00
Supermercado: $ 13391,00

quarta-feira, setembro 20, 2006

Dolce far niente

Nada de útil para ser feito resultou em tempo demais na cama.
Ou melhor, nada de útil que quiséssemos fazer. Nem mesmo a necessidade de trocar dólares nos fez sair do ninho antes do meio dia.
O máximo que fizemos foi acompanhar o canal El Gourmet e babar com aquelas delícias.

Quando finalmente saímos de casa, o almoço estava começando a ser preparado, o que nos indicada que deveríamos ser breves.
Fomos caminhando até a Galeria Internacional, em frente à Plaza Independencia, consultamos algumas das casas de câmbio e nos decidimos pela que nos parecia mais idônea.
As cotações eram todas muito parecidas, por isso não quisemos falar com todas as moças por trás dos vidros de segurança.

Devidamente endinheirados, paramos para algumas fotinhos em frente aos tribunais e corremos para pegar o almoço.


Los Tribunales



O libertador, Bernardo O´Higgins, em frente aos tribunais


Mal deu tempo de escovar os dentes e já estávamos novamente na rua, desta vez para percorrer a Barros Arana em busca de calças para a minha sobrinha pré-adolescente, o que por si só já significava que teríamos uma infinidade de lojas para visitar e de peças para experimentar.
A Minha Mineira aproveitou a oportunidade e também adquiriu algumas pecinhas que estavam em liquidação.

Feitas as compras, acompanhamos minha irmã até o médico e depois recompensamos nossos estômagos comendo deliciosos completos (um cachorro-quente cheio de deliciosos acompanhamentos) na tradicional Fuente Alemana que, apesar das reclamações do povo de Santiago que a acusa de cópia, vive cheia de gente querendo matar a fome e a sede.

A última parada antes da volta ao lar foi o supermercado onde fomos comprar ingredientes para o almoço do dia seguinte: resolvemos fazer ceviche com um salmão processado que a minha irmã tinha na geladeira e mal sabíamos a roubada e que nos meteríamos.

Pausa para uma análise sobre um comentário feito pela Martha Medeiros no livro "Santiago do Chile": ao contrário do que ela fez questão de registrar, o povo chileno, ou ao menos a ala jovem, é mal cuidado e feio, bem diferente da aura de elegância que ela mencionou.
As mulheres de Conce não se preocupam com a manicure e estão com os cabelos constantemente mal arrumados,.
Pode ser uma questão geográfica, já que ela se baseou na capital, mas acho interessante registrar esta visão divergente. Quanto mais informação, melhor.

Além da parte física, existe o comportamento em sociedade: as pessoas se atropelam nas ruas, andam coladas umas às outras e atravessam a sua frente sem nenhum aviso. Fiquei com saudade da cordialidade brazuca.
Uma palavra para a sensação de andar nas ruas de Conce: incômodo.

Voltando à rotina na casa da minha irmã, alugamos e assistimos a quase todo o filme "E se fosse verdade" com a Reese Whiterspoon.
Paramos por que já era tarde e minha sobrinha precisava dormir para ir à escola na manhã seguinte.
Mas antes de dormir, assistimos a uma homenagem ao Steve Irwin, o caçador de crocodilos, no Animal Planet.
O cara havia morrido pouco tempo antes, vítima de uma arraia marinha, e as imagens e depoimentos foram bastante emocionantes.
Fomos dormir com o espírito tranquilo e com os olhos lavados.

terça-feira, setembro 19, 2006

Na praia de jeans

Começamos o dia muito bem: acordamos justo na hora de almoçar, o que não nos impediu de ignorar o fato e tomar café como se fossem oito da manhã.
Nem havíamos acabado de comer quando recebemos uma ligação do meu primo nos convidando para um passeio pela praia. Para quem não conhece o litoral chileno, isso não significa se cobrir de protetor solar e se armar de esteiras e guarda-sol, mas sim comer em algum lugar com vista para a costa, encher os sapatos de areia grossa e não dispensar um bom moletom quando o sol vai embora.
Nada a ver com o litoral brasileiro, mas ainda assim é um bom programa, nem que seja para rir das diferenças.

Ele ficou de nos pegar às 13:30hs, o que nos dava a certeza de que saída não aconteceria antes das 14:00hs.
Pontualmente às 14:15 ele chegou e trouxe uma novidade: o seu segundo carro, o que significava que eu me arriscaria pelas estradas chilenas.

Rodamos uns 40km margeando a costa e chegamos a uma cidadezinha chamada Dichato.
Não foi nenhuma surpresa encontrar uma areia escura e uma água congelante.

Paramos em um restaurante chamado Montecarlo, pedimos os mais diversos pratos oriundos do mar e bebemos refrigerante até cansar.
A ausência de álcool me fez sentir na Suiça, mas depois me lembrei que meus sobrinhos estavam no carro comigo e aceitei o limite de bom grado.
Nada como a segurança no volante.


O Montecarlo


Como eu já esperava, meu tio não me deixou colocar a mão no bolso, o que me fez agradecer e sair com o povo para a beira da praia.
A idéia era deixar as crianças (minha sobrinha e os filhos do meu primo) brincarem até a exaustão enquanto esperávamos o pôr-do-sol.


Dizendo adeus ao sol


O sol finalmente foi embora e tomamos o caminho da roça.
Voltamos por um caminho diferente e, quando nos deixou em casa, meu primo deixou em aberto uma possível ida a Termas de Chillán no final de semana.
Isso foi algo maravilhoso de se ouvir já que a temporada estava acabando e não teríamos mais muitas chances de fazer algo legal durante a viagem.

Fechamos o dia com um fondue de queijo e fomos nanar de barriga cheia e sem preocupações.
Ah, se sempre pudesse ser assim.

segunda-feira, setembro 18, 2006

Fiesta pátria

Sempre achei que o dia 18 de setembro era o dia da Independência, mas precisei estar no Chile nesse dia para descobrir que estive enganado durante toda a minha vida.
O que aconteceu nessa data foi a designação da primeira junta de governo em 1810, passo fundamental para a libertação final dos espanhóis, daí o nome do feriado ser Fiestas Pátrias e não Independencia.
A proclamação da Independência por Bernardo O´Higgins aconteceu em 12 de fevereiro de 1818.
Vivendo e aprendendo.

Também precisei estar por aqui durante as celebrações patrióticas para perceber que o Chile parece possuir dois mundos bastante diferenciados: o de Santiago (que se parece um pouco com o de muitas grandes cidades pelo mundo) e o do resto do país, seja interior, montanha ou litoral.
Esse "resto" parece tão interiorano (até mesmo nas cidades maiores) que a adaptação de qualquer estrangeiro ou forasteiro é bem mais difícil.
Só Santiago tem metrô e mesmo nas coisas banais como comprar pão ou usar o transporte público, as dificuldades fora da capital são maiores.

Depois de tantas descobertas essenciais para a minha vida, acho melhor contar que acordamos relativamente tarde e fomos dar um passeio pelos parques da cidade.
Começamos pelo Parque Ecuador que ficava ali pertinho do bairro universitário e curtimos bastante o movimento e as apresentações musicais ao ar livre na fonda oficial da cidade, uma espécie de mega-barraca com música, dança e comida.
O povo curtia bastante as celebrações e aproveitava para comer e beber tudo aquilo que eu imagino que não seja tão acessível durante a correria do dia a dia.


O Parque Ecuador e a festança


De lá, caminhamos pelo Centro e passamos pela bela Plaza Independencia, onde fica a Catedral Metropolitana e onde circula uma boa quantidade de gente todos os dias.
A Barros Arana, provavelmente a principal rua da cidade, passa em um dos lados da praça e isso aumenta a sua importância.


A Plaza Independencia



A Catedral Metropolitana



Mais Plaza Independencia


Estava ventando gelado e ficamos com fome, por isso resolvemos caminhar só um pouco e ir almoçar no Rincón Marino.
Infelizmente, apesar da comida gostosa, novamente o serviço deixou a desejar o que nos levou a pensar que isso seria uma rotina durante a viagem.


El Rincón Marino de Concepción


Já com a fome mortinha da silva, voltamos para a Plaza Independencia e compramos sorvetes de chirimoya, que é uma fruta parente da fruta-do-conde, não muito saborosa fresca, mas que funciona muito bem em sorvetes e geléias. Delícia!

Meu tio, irmão do meio do meu pai, chegou pouco depois de voltarmos para casa.
Ele não quis gastar muito tempo conversando e já nos colocou dentro do carro para passear pela cidade.
Minha sobrinha veio conosco, mas minha irmã e o pequerrucho preferiram descansar.

A primeira parada do tour foi a cidade de Chiguayante, uma antiga cidade dormitório para estudantes, hoje uma razoavelmente elegante área residencial.
Algumas fotos na praça principal e novamente no carro rumo à universidade, provavelmente o maior cartão postal de Concepción.

Eu já havia estado naquela universidade inúmeras vezes e até a Minha Mineira já a conhecia, mas confesso que não reclamei em ter que vê-la novamente.
Cresci ouvindo histórias dos meus pais naqueles prédios. Estudos, jogos, debates políticos, namoros, festas e bebedeiras. Tudo isso fez parte da história deles durante a etapa mas gostosa da vida e, por consequência e herança, também faz parte da minha.


Universidad de Concepción


Apesar de estarmos meio cansados com o movimento do dia, não tivemos oportundade de deitar já que meu tio nos levou direto para a casa dele.
Pouco depois meu primo foi buscar a minha irmã e meu sobrinho e ficamos todos ali, comendo, bebendo, rindo e compartilhando histórias do passado e do futuro.
Coisas de uma rotina familiar que eu nunca vivi por ter ido viver longe deles tantos anos antes.
Gostei muito da experiência.