sábado, setembro 10, 2005

Templos

Não sei bem a razão, mas havíamos decidido que aquele seria um dia dedicado aos templos e aos símbolos da capital dos portenhos.
Depois de mais um café nocateante, partimos de táxi até o bairro de Nuñez e até o Estádio Monumental.

A casa do River Plate era mesmo impressionante. Apesar de bem diferente do Morumbi, deu para sentir a energia residual dos grandes clássicos locais e do título que a Argentina roubou, ops, ganhou aqui no Mundial de 78.
Este lugar, com gente saindo pelo ladrão, deve ser um enorme incentivo para quem se mata por um gol ou, apesar de raro, sente que representa um povo inteiro quando veste a camisa do time nacional.
Infelizmente não conseguimos visitar o estádio já que as visitas eram de terça a sexta (era um sábado), mas compramos um copo bonito na Rivermania, a loja temática do time, e decidimos voltar para o Centro.

Acabamos parando na Recoleta por recomendação do taxista.
Aliás, essa não foi a única dica daquele senhor rechonchudo e simpático que achava que os turistas (e seus dólares) eram um mal necessário para a combalida economia argentina.
Ele nos recomendou compras no distrito de Once (ali pertinho do Abesto), uma visitinha a Luján (a Aparecida do Norte deles) e um passeio pelo zoológico de Temaikén, no distrito de Escobar.
Como não tínhamos tempo para isso, resolvemos visitar a Basílica de Nossa Senhora do Pilar e exercitar mais uma vez a prática de rezar e pedir quando se conhece uma igreja nova.

Como o cemitério ela ali do lado, partimos em busca do túmulo da Evita em companhia de uma dezena de turistas das mais variadas partes do mundo.
Como somos prevenidos, estudamos um pouco a planta do lugar antes de sair atrás do tal túmulo, o que se revelou uma ótima idéia já que o cemitério era cheio de corredores irregulares e assimétricos.
Infelizmente, o tal túmulo não tinha nada de mais e ficava em um corredor bem estreito o que dificultava bastante as fotos.
Feito o registro, saímos de lá sem muita pressa e acabamos servindo de guias turísticos para mais de um brazuca que, seguindo a tradição de "dar um jeitinho" em tudo, estava mais perdido do que cego em tiroteio naquele lugar.

O vento estava pegando forte, por isso resolvemos voltar para o hotel para reforçar os casacos. Pegamos um táxi fedido, velho e dirigido por um tiozinho de aparência igualmente fedida e velha.
Apostamos mentalmente de onde vinha aquele cheiro ruim, mas felizmente chegamos ao hotel antes de conseguirmos provas conclusivas de um lado ou de outro.

O nosso próximo destino foi o Cassino flutuante, onde não se pode entrar com câmeras digitais ou celulares com câmera. Deve ter algo a ver com a segurança anti roubo, mas com tanta fumaça de cigarro, achei que era um despedício: câmera nenhuma conseguiria ver alguma coisa mesmo.
Ficamos ali, meio de bobeira, olhando o povo perder centenas de pesos em um minuto na roleta, a velocidade dos crupiês no 21 (se você piscar, perde o jogo) e o movimento frenético das velhinhas no caça níqueis.
Eu já estava a fim de ir embora - não gosto de cassinos, ou melhor, não gosto de ter limites para jogar -, mas a minha mineira queria arriscar uma fezinha.
Escolhemos um caça níqueis que parecia mais "honesto", colocamos uma nota de cinco pesos (sou pão duro mesmo) e começamos a brincar com as significativas apostas de 25 centavos.
A brincadeira durou uns cinco minutos e logo estávamos fora do fumacê e a caminho de Puerto Madero para almoçar.

Já eram mais de quatro da tarde quando chegamos a Madero e acabamos mudando de destino por sugestão do taxista. Queríamos ir a um lugar brasileiro, mas acabamos no Siga la vaca, uma mega-churrascaria que não tinha nada de típica, mas oferecia um buffet gigantesco por um preço razoável. E com bebida incluída.
Acabamos comendo e bebendo mais do que deveríamos, o que nos prejudicou bastante no posterior sono.
Apesar da minha mineira ter gostado, saí achando tudo muito pouco autêntico e preferido muito mais o La Estancia, onde se come menos e melhor.
Esse negócio de volume e velocidade é coisa de churrascaria brazuca, não portenha.
São os males da globalização.

Com tanta comida no bucho, não era de espantar que não conseguíssemos dormir e que acordássemos de madrugado meio acesos e com vontade de arrumar as malas para ir embora.
Aproveitamos para assistir ao Brazilian Day e ao Altas Horas na Globo e finalmente conseguimos dormir.

Era nossa última noite em Buenos Aires e já estávamos com saudade da nossa casinha, tão pouco usada até aquele momento.

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