terça-feira, setembro 06, 2005

Turisteando

O dia começou bem cedo e sem desculpas para rolar um pouco mais na gostosa cama do hotel: era dia de city tour!
Nos arrastamos para fora dos lençóis, vestimos o primeiro pano que encontramos pela frente e em minutos estávamos encarando um monte de frutas, doces e queijos no salão de café do hotel, cuja característica mais peculiar eram as cabeças empalhadas de alce e de outros mamíferos chifrudos. Me senti um inglês, mas como não tenho a mínima inclinação para a caça, aquilo tudo foi ficando cada vez mais bizarro com o passar do tempo.

O ônibus passou para nos pegar com alguns minutos de atraso que se transformaram em vários minutos de espera à medida que íamos percorrendo a via crucis dos hotéis do Centro onde estavam hospedados os quase vinte turistas que nos acompanhariam naquele passeio. Chegamos até a trocar de ônibus, mas logo estávamos a caminho de Palermo e oficialmente dentro da visita aos principais pontos turísticos da cidade.
No caminho para Palermo, um dos bairros mais famosos da cidade, paramos em frente à Torre Inglesa, um antigo presente dos britânicos aos argentinos.
Obviamente isso foi antes do bafafá das Malvinas/Falklands nos anos 80, mas vá lá.

A nossa imagem de Palermo não foi das mais detalhadas já que não saímos do ônibus. Essa "prisão sobre rodas" percorreu a Recoleta e só foi nos liberar na mesma Plaza de Mayo que havíamos visitado no dia anterior.

Ali, entre novas fotinhos da Casa Rosada e da praça corremos contra a pressa do guia e acabamos relaxando mais do que passeando: ficamos sentados em um banco da praça vendo o movimento e de olho na concentração dos nossos colegas em direção ao "busão" verde que nos levaria à antiga zona de malandragem da cidade.

A Boca e a sua rua símbolo, o Caminito, são bastante interessantes e coloridos, mesmo que sejam apenas uma reprodução fake do original. Saber que os portenhos pobres moravam em "casas de lata" e quase não interessante quanto "vê-las" tão coloridas quanto elas talvez nunca tenham sido. Vale pelo conjunto de imagens, mas eu não compraria aquilo como a "verdadeira" Buenos Aires.


Antes de retornar para o Centro e encerrar nosso passeio, fizemos a obrigatória e, mais ou menos, decepcionante visita-relâmpago ao estádio do Boca Juniors, o mitológico La Bombonera.
A visita era obrigatória por que é naquele "alçapão" que o time do povo encurrala seus adversários e constrói a maior parte das suas vitórias em todos os campeonatos que participa.
Decepcionante por que não tivemos tempo para fazer a visita guiada ao museu do clube e nem para entrar no estádio e sentir a energia do gramado.
Ficou para a próxima vez que o Tricolor tiver que encarar a fúria dos boquenses.

O ônibus saiu da Boca e tomou o caminho de Puerto Madero, o renovado e planejado bairro novo de Buenos Aires. Dizem que o lugar tem a mão do Phillipe Starck, mas não fiquei com uma impressão das melhores. De tanto andar ao lado daqueles prédios parecidos e aqueles jardins impecáveis, acabei ficando com saudade de Palermo e da Recoleta que vi da janela do ônibus. Coisa de anti-americanófilo puro!

Para não dizer que tudo em Madero é chato, a visita à fragata Sarmiento foi bem legal e prendeu muito a nossa atenção, principalmente quando entramos na casa de máquinas e quase perdemos os chifres naquelas portas apertadas e metálicas.

Como havíamos descido do ônibus pouco antes e já havíamos almoçado no gostoso Il Gran Caruso, resolvemos caminhar até o hotel e curtir os prédios antigos e os jardins bem cuidados.

Várias fotos depois, chegamos ao hotel, tiramos os sapatos dos nossos pés cansados e nos enfiamos na banheira para relaxar.

Só saímos do banho na hora de jantar e não poderíamos ter feito melhor escolha: fomos até Palermo e jantamos no sensacional Bella Itália. Foi mais uma aula de enologia e culinária na cada vez mais surpreendente e agradável capital dos argentinos.

Voltamos para o hotel mais do que saciados e cada vez mais certos de que abrir mão de Paris (e da dívida que ela significaria) havia sido mais um dos acertos da nossa vida a dois.
Dormimos como anjos.

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