quinta-feira, setembro 08, 2005

Os bichos e a Boca

Os planos para o dia incluíam uma coisa mais natureba e menos urbana: a idéia era ir até Palermo e andar até cansar no belo parque que fica naquele bairro.
A coisa toda é engraçada já que fica difícil comparar o lugar ao nosso Ibirapuera.
Não existem grades ou cercas (ao menos na maioria dos lugares) e nem limites muito bem definidos. Grandes avenidas cortam o que seria o terreno do parque e uma caminhada pelos limites pode acabar virando um festival de tosse e foligem.

Mas o parque e suas curiosidades vieram em um segundo momento.
Primeiro veio o Zoológico da cidade. Desde moleque eu gosto de ver o bichos do mundo e não dava para deixar de visitar o antigo e meio descuidado zoo local.

Tomamos o metrô da linha D na Nueve de Julio e descemos na estação Plaza Italia. Chegamos pouco depois da abertura do lugar e encontramos muito pouca gente circulando pelas ruas largas e apreciando as "casas" de grades baixas e muito espaço. Como bom zoológico, este procurava simular os habitats naturais da maioria dos animais e como quase todos eles, este também falhava.
Pelo menos ficava a curiosidade de uma mini-fazenda, bem ao estilo Beto Carreiro, bem no meio dos animais de savana. Curioso.

Passeamos pelo prédio que simulava a Floresta Tropical, quase levamos uma cusparada das lhamas e ficamos com inveja (ou seria dó) do urso polar que dava contínuos mergulhos na sua piscininha com paredes de vidro.
Teria sido legal se ele desse uma nadada perto das paredes, mas acho que o calor que estava fazendo inspirava mais uma soneca do que um exercício. Não posso condená-lo.

Quase na hora de ir embora, uma curiosidade: chegamos na hora do show de focas do zoo e meio contra a vontade da minha mineira, entramos para assistir.
Era a minha primeira vez e por isso estava empolgado, mas ela já havia visto esse tipo de show uma vez e o tédio era evidente.
Ainda bem que estávamos em lua de mel e a ordem era fazer o outro feliz. Ai de mim se estivéssemos em uma situação rotineira.
Tenho que ser sincero e admitir que o show não oferecia muito charme para quem tivesse passado dos 10, mas confirmei minha imaturidade congênita ao aplaudir com entusiasmo cada malabarismo que os bichinhos faziam.
Posso dizer que até consegui um benefício cultural com o show: aprendi que aqueles animais eram lobos marinhos (ou leões marinhos) e não focas.
Não que isso mudasse a mundo, mas é bom saber as coisas direito.

Já estávamos meio cansados de andar quando saímos do zoológico e fomos em direção ao Jardim Japonês, um parque particular, colado no Palermo e no Zoo e com decoração e paisagismo, obviamente, japoneses.
Não sabia que a colônia oriental era forta na Argentina, mas acabei acrescentando mais uma informação ao meu repertório de conversas de boteco.
Vimos um monte de menções à Família Imperial, à cultura e aos costumes japoneses e acabamos nos sentindo de volta a Sampa.
Já morrendo de fome, demos uma olhada no restaurante do lugar (incrivelmente ele também era japonês) mas desistimos por conta dos preços. Resolvemos caminhar um pouco mais até o Paseo Alcorta, um shopping das redondezas, e gastamos mais do que devíamos em um filé mignon não mais do que razoável.

Como não encontramos nenhuma loja ou atração mais interessante no Alcorta, reunimos as nossas penúltimas forças e fomos até o local onde está a Floralis Generica, uma enorme flor metálica que se move de acordo com a luminosidade do dia: quando está claro, as pétalas se abrem e quando escurece...óbvio novamente.
Deitamos na grama, trocamos alguns carinhos, tiramos algumas fotos no tradicional estilo braço esticado e tomamos coragem para seguir caminhando de volta para o hotel.
Estávamos perto da Recoleta, o que significava que podíamos voltar a pé para o hotel, mas já não havia mais energia para tal esforço.
Resultado: andamos um pouco e logo tomamos um abençoado táxi até a cama quente e o chuveiro renovador.

Várias horas mais tarde, folheamos o guia e resolvemos tentar a sorte no badalado Gran Bar Danzón. Doce ilusão: a muvuca reinava e conseguir uma mesa seria mais complicada do que convencer o povo de que o Pelé foi melhor que o Maradona.
Toca procurar outro táxi e pedir para o motorista nos levar para um restaurante tradicional italiano no coração da Boca.
Eu deveria ter fotografado a cara que o motorista fez quando pedimos para ele nos levar ao tradicional (e barra pesada) bairro portuário. Morrendo de medo, ele nos pediu que procurássemos outro táxi, com um motorista que conhecesse melhor aquela região.
Como ele conseguiu nos assustar também, acabamos no classudo (e caro) Le Biblos onde experimentamos uma deliciosa Bandiola com risoto. A tal Bandiola era uma espécie de filé mignon do porco e, apesar de gordurosa, era deliciosa e muito bem preparada. Vale a referência.

O final da noite foi como as outras: mortos de cansaço, saciados e loucos pela cama do hotel.
O dia seguinte seria o martírio dos cartões de crédito.

2 comentários:

E. Weight disse...

Comentário originalmente postado por Alessandra às 17:17:28 do dia 02/04/06:

Bacana o relato de vcs,conheço praticamente todos estes lugares mas,a maneira como voces exploraram... me deixa envergonhada de conhecê-los e,nunca ter feito um album como vocês fizeram,Parabéns!!!!!!!

E. Weight disse...

Comentário originalmente postado por mim às 23:03:27 do dia 02/04/06:

Olá Alessandra, Gostaria de agradecer o comentário e aproveitar para dizer que vc não deve se envergonhar de nada do que tenha ou não tenha feito nas suas viagens. :-) O importante é viajar e registrar as impressões e fatos que aparecerem no seu caminho, seja em fotos e texto (como nós), seja na memória (como vc e a gente também faz). Fique à vontade para fazer novos comentários e para nos sugerir novos roteiros. Setembro já está aí e ainda não definimos o nosso próximo destino. Se quiser escrever apenas para bater papo, será muito bem vinda também. Cuide-se bem e tenha uma boa semana. Um beijo grande.