segunda-feira, janeiro 10, 2005

Aleijadinho

Nosso último dia de Tiradentes não começou nada bem.
Quando descemos com as malas, acabamos sendo co-responsáveis pela morte do Tuca, um tucano preto lindo que vivia solto no quintal da pousada.
Na tentativa de tirar uma foto dele passeando dentro da casa, acabamos fazendo com que ele voasse à esmo e se espatifasse contra as paredes de vidro. Na segunda vez ele caiu e não se levantou mais.
A comoção no lugar foi geral e nenhum de nós teve coragem de abrir a boca nem para pedir desculpas.
Preferimos lamentar em silêncio e sair de fininho.

Para reativar o ânimo compramos algumas lembranças para nós e para o povo das famílias. Bastante carregados, abastecemos o carro e tomamos o caminho da roça.
A idéia era voltar até São João del Rey e de lá pegar a estrada para Congonhas e Ouro Preto.

Uma paradinha rápida em Lagoa Dourada para comprar um delicioso rocambole de doce de leite que me rendeu ótimas sensações e vários gramas a mais.
A dica foi dada pelo Professor e a cada pedaço comido eu lhe agradecia em silêncio.

Paramos para almoçar no restaurante Café com Prosa, entre Lagoa Dourada e Congonhas e quase acabamos sufocados com a fumaça mal escoada do fogão a lenha.
Pelo menos a comida não estava ruim e e bebida serviu para espantar o sono que estava pegando forte.


Café com prosa Posted by Hello

Até com certa facilidade, chegamos a Congonhas e localizamos a Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos.
Devemos isso à boa vontade do povo e a uma sinalização bastante cuidadosa.
Acho que é isso mesmo que o prefeito de uma cidade como aquela deve fazer. Afinal de contas, sem a Basílica, a cidade poderia ficar relegada ao ostracismo e à estagnação.


Basílica do Senhor Bom Jesus de Matosinhos Posted by Hello

Eu já imaginava bem o que esperar daquele lugar mas não daria para estar plenamente preparado para tudo. O sol estava brilhando forte e deixava as imagens ainda mais bonitas em contraste com o céu bem azul. Apesar do suor, ficamos longos minutos apreciando cada detalhe daquelas estátuas. Me lembrei de como curto mais escultura do que pintura e reparei nos olhos, nas barbas, nas roupas e até no detalhe das casas dos botões de cada um daqueles profetas.
Tudo fica ainda mais impressionante quando pensamos que o autor, o famoso Aleijadinho, já não tinha os dedos quando as terminou e era forçado a amarrar as ferramentas no que lhe restava das mãos.
Verdadeiramente impressionante.


Alguns profetas Posted by Hello


O profeta Daniel Posted by Hello


Detalhe da obra do mestre Posted by Hello

Depois de levar muito sol na moleira, resolvemos fazer umas compras básicas e botar o pé na estrada novamente.
Antes de ir, algumas fotos para registrar a calmaria da cidade e uma nova e última olhada nos profetas.
Mais um suspiro e estrada.


Ladeira de Congonhas Posted by Hello

O trajeto até Mariana nos fez passar por um trecho que substituiu a antiga Estrada Real, por onde escoavam o ouro e os diamantes das minas do interior.
Mal da para ver a tal estrada mas de vez em quando aparece uma ruína de ponte e uma trilha de mulas.

Como chegamos cedo na cidade, tivemos bastante tempo para ligar para um monte de lugares até escolher a pousada onde ficaríamos. Por problemas de disponibilidade nas mais baratas, acabamos ficando com a Pouso da Tipographia e não nos arrependemos.
O lugar era bem arrumadinho, limpo e com uma bela visão da Basílica de São Pedro dos Clérigos, lá no alto do morro.

Depois do banho e do namoro, um jantarzinho gostoso no restaurante Bistrô, com sua decoração agradável e sua cerveja terrivelmente gelada.
Após a papinha, foi só voltar no piloto automático e nanar gostoso.