domingo, janeiro 09, 2005

Na terra de Tancredo

Acordamos relativamente cedo e tomamos um fraco café da manhã na pousada.
A neblina ainda cobria a Serra de São José e não tínhamos idéia de que tipo de paisagem estava à nossa disposição.
O café não nos permitiu nenhum desaforo gastronômico, mas quebrou o galho.
Na volta para o quarto, tivemos a sorte de ter o sol brilhando forte e nos brindando com uma bela vista da serra vizinha.


Serra de São José vista da janela da pousada Posted by Hello

Para reforçar a visão que tivemos no dia anterior, voltamos ao morro da Igreja de São Francisco de Paula e tiramos novas fotos.
Desta vez tínhamos mais companhia e não precisamos correr da enxurrada.

Descendo o morro, deixamos o carro perto da rodoviária e fomos caminhar na direção da Matriz. No caminho paramos no chafariz, bebemos um pouco de água e assistimos horrorizados ao banho dos alternativos. Não sei bem como a água conseguia penetrar naqueles cabelos embaraçados, mas graças a Deus a água que bebemos não tinha nada a ver com a que eles utilizavam.


O chafariz Posted by Hello

Ainda a pé, encaramos a ladeira até a Matriz e sofremos um monte com o sol.
A idéia era visitar novamente a igreja e olhar com mais detalhe para as obras de arte e para o ouro.
Infelizmente aquele foi o nosso primeiro contato com as taxas de conservação: tínhamos que pagar alguns reais para ver aquilo que na noite anterior era de graça e vinha com o casório de brinde.
Como ainda não estávamos acostumados com a idéia de pagar, desistimos da idéia e ficamos olhando a parte de fora, escondida durante a escuridão.


A ladeira até a Matriz Posted by Hello


A Igreja Matriz de Santo Francisco Posted by Hello


Fachada da Matriz Posted by Hello

As coisas mais legais que achamos foram o cemitério do lado esquerdo e o relógio de sol no alto da escada. Obviamente registramos tudo e continuamos nosso despreocupado passeio.


O relógio de sol da Matriz Posted by Hello

Olhando o relógio e o mapa da cidade, resolvemos caminhar um pouco mais e visitar a Igreja da Santíssima Trindade.
Novamente sofremos com o sol e demoramos mais do que o esperado (mapinha safado aquele).
Chegando lá, pegamos o final de uma missa, possivelmente de batismo de algumas crianças e agradecemos por testemunhar algo que não se vê todos os dias nas nossas respectivas cidades.


Interior da Igreja da Santíssima Trindade Posted by Hello

Passeamos um pouco dentro e fora da igreja, tiramos algumas fotos, compramos lembranças religiosas para a família mineira e acendemos uma vela para os conhecidos que precisavam de uma força da Comissão Técnica do Céu.
Como esses amigos não eram poucos e o espaço era limitado, escolhemos uma velinha e concentramos todos os nossos pedidos nela. Foi uma oração por atacado.


Fonte atrás da Santíssima Trindade Posted by Hello


Igreja da Santíssima Trindade Posted by Hello

Em nova consulta ao relógio vimos que não havi muito tempo para pegar o último trem para São João del Rey. Era mais ou menos a conta para caminhar de volta ao centro, almoçar e correr para a estação.
No caminho para o carro ainda visitamos a parte externa da Igreja do Rosário e da antiga cadeia. Nada mais que isso era possível já que ambas estavam fechadas para o almoço. Não o nosso, mas o dos vigias.


Igreja do Rosário Posted by Hello


A antiga cadeia pública Posted by Hello

O dia até que estava tranquilo até escolhermos o lugar para o almoço, ali mesmo na praça principal.
Não demoramos muito para decidir por uma lanchonete que servia pratos montados e rápidos. Ao menos essa era a nossa esperança, mas quando o tempo começou a passar e nada dos pratos chegarem, o stress começou a se manifestar.
Acabamos comendo mais rápido do que deveríamos e voamos para a estação. Escolhi um lugar para estacionar, conversei com o flanelinha e antes de chegar à bilheteria, fui abordado por um vendedor de passeios oferecendo um city tour na terra de Tancredo.
Como não curto esse tipo de abordagem, disse que ia pensar e me enfiei na fila.
Pelo menos uma coisa boa ele fez: nos deu a dica de ficar nos vagões de trás e do lado direito do trem, para ver as curvas e a Maria Fumaça.
Ainda bem que não estávamos na Suiça e o trem atrasou alguns minutos para sair.

Antes da partida, porém, mais um contratempo: a minha mineira foi se meter a explorar sozinha a parte de trás do trem, errou o passo na divisória entre os vagões e despencou de cabeça no banco de madeira, ralando fundo a canela e a perna.
Eu a socorri logo depois de ouvir o baque surdo, mas pouco pude fazer para aliviar a dor da perna e a da cabeça.
Depois de ser colocada no banco de onde não deveria ter saído, ela chorou, se lamentou e se acalmou alguns minutos depois.
O machucado ficou bem feio mas graças Deus não houve maiores sequelas. O grande ferimento dela foi no orgulho, mas isso passa com o casamento.


Passeando de Maria Fumaça Posted by Hello

Várias chacoalhadas, curvas e encheções de saco de crianças depois, chegamos a São João del Rey e reencontramos o vendedor de passeios. Desta vez fui educado e recusei o oferecimento. Não sem uma pontinha de preocupação, mas já era tarde para recuar.
Demos uma analisada no guia, fizemos algumas perguntinhas básicas e decidimos mais ou menos para onde ir.
Na estação, visitamos rapidamente o Museu Ferroviário e saímos caminhando pelas ruas atrás da Igreja de São Francisco de Assis, principal construção religiosa da cidade.
Nos perdemos algumas vezes mas valeu a pena chegar até aquela praça cheia de palmeiras imperiais e com aquela imponente igreja em um dos cantos.
Entramos pela lateral e fomos agradavelmente surpresos com a autorização para fotografas livremente.
Acabamos encontrando o grupo do vendedor de passeios e ficamos satisfeitos por termos economizado uns trocados e feito um pouco de exercício. A única vantagem do passeio teria sido o carro, mas àquela altura, isso era irrelevante.


Interior da Igreja de São Francisco de Assis Posted by Hello


O altar mor Posted by Hello


A Igreja de São Francisco de Assis Posted by Hello


A fachada da igreja Posted by Hello

O trem de volta para Tiradentes deveria sair em 30 minutos, por isso nos apressamos para voltar para a estação. No caminho, mais algumas fotos das coisas bonitas da cidade, incluindo as pontes de pedra e o Teatro Municipal.
O engraçado do caminho de volta foi ver o córrego embaixo das pontes: era um monte de mato para um filetinho miserável de água. Parecia o racionamento que assolou Sampa há algum tempo.


Ponte de pedra Posted by Hello


O Teatro Municipal Posted by Hello


A estação de trem de São João del Rey Posted by Hello

A viagem de volta não teve novos acidentes e chegamos sãos e salvos a Tiradentes.
A última atração da viagem seria a virada da locomotiva para fazer a última viagem do dia. Foi muito legal ver a bichinha soltando os vagões, indo até um desvio, voltando de ré e estacionando em um dispositivo especial para a operação.
Não havia nada de alta tecnologia no mecanismo, apenas muita lubrificação e alguns braços fortes para fazer um eixo virar e a Maria Fumaça virar 180 graus.


A estação de trem de Tiradentes Posted by Hello


A virada da Maria Fumaça Posted by Hello

Saindo do aparelho, a locomotiva fez nova manobra e se encaixou novamente no conjunto de vagões.
Depois do espetáculo final, pegamos o carro (que havia ficado com o pisca alerta ligado), voltamos para o hotel e demos uma cochiladinha básica.

O noite foi encerrada com mais uma bela refeição.
Desta vez a escolhida foi a Estalagem do Sabor com sua cerveja quente e seus pratos exclusivos.
Depois de analisar com cuidado o cardápio, optamos pelo Mané sem Jaleco, uma deliciosa mistura de mexido mineiro, feijão cozido e temperado, arroz, azeite, banana maçã, lombo e couve temperadinha. Uma maravilha para comer de joelhos.
Sacrifício gastronômico feito, voltamos ao hotel e largamos os corpos naquela cama razoavelmente gostosa.
No dia seguinte teríamos mais aventuras e infelizmente deixaríamos aquela cidade deliciosa. Segundo nosso plano, a próxima vítima seria Mariana e a região de Ouro Preto.