segunda-feira, agosto 30, 2004

O primeiro trekking

Novamente o dia começou com o maravilhoso café da manhã do hotel e com o encontro na loja da Venturas. Fomos para lá depois de acomodar direitinho as malas e encher a mochila com as coisas básicas para sobrevivermos por dois dias caminhando no parque.
Além da mochila, também preparamos uma mala pequena que seria levada até o lugar onde passaríamos a noite.
Chegando à pracinha central de Lençóis encontramos o guia Michel, o Terra (dono da Vanturas local) e o casal de franceses que nos acompanharia, o Thomas e a Céline.
Não tínhamos muita certeza se conseguríamos nos dar muito bem com eles, mas também não tínhamos escolha, portanto, embarcamos na Rural com fé que tudo daria certo.

A idéia inicial era visitar o Morro do Pai Inácio logo de cara e depois fazer o trekking, mas o Michel e o Terra acharam melhor deixar isso para o dia seguinte, para que pudéssemos apreciar a vista geral da Chapada enquanto o sol se punha.
Desde antes de chegar a Lençóis nós sabíamos que esse pôr do sol era uma das grandes atrações do local, por isso topamos felizes a mudança.
Sacolejamos um pouco até as proximidades do Pai Inácio e de lá partimos em nossa caminhada. O Terra nos acompanhou nesse trecho e aproveitou para nos falar um pouco da geologia e da flora. Uma das plantas mais comuns que ele mencionou foram as Sempre Vivas, que ele aproveitou para esmagar e espalhar o pólen.


Sempre vivas Posted by Hello

Pelo que pude sentir depois, o Terra estava lá também para dar algumas dicas ao Michel sobre o caminho que enfrentaríamos. Percebi isso no momento em que tivemos que esperar uns 10 minutos até que ele encontrasse a trilha certa e nos nos enfiasse em uma mata fechada e espinhento.
Aqui vale lembrar uma dica preciosa que recebi ainda na agência: trekking deve ser feito de calças e nunca de shorts ou bermudas. Fazer isso é garantir milhares de arranhões nas pernas e uma "maravilhosa" noite de sofrimento e dor.
Uma vez corrigido o curso, seguimos caminhando e olhando a paisagem desde os pés dos morros.


A paisagem do caminho Posted by Hello

Enquanto passávamos pelo Morrão, o Michel nos comentou sobre um passeio que atravessa o lugar subindo até o cume e descendo pelo outro lado.
O tal Morrão me pareceu tão íngreme que dei graças a Deus por estar embaixo.


O Morrão Posted by Hello

Desde o início da trilha, foram duas horas de meia de caminhada no sol e na terra até que chegamos ao nosso ponto de parada, a cachoeira Águas Claras.
Segundo o Michel, aquele era o ponto de parada dos tropeiros que atravessavam a Chapada com o gado e precisavam de um pouco de refresco para seguir viagem.
Nós entendemos exatamente o que ele quis dizer já que rimos à toa quando pudemos tirar as botas, molhas os pés na água gelada e matar a fome com o lanche de trilha que a Venturas havia preparado.
Aliás, essa é uma ótima característica dos passeios na Chapada: a agência se preocupa com as refeições durante as caminhadas.
Nada mais justo pelo preço que pagamos.

Depois de uma hora de descanso e relaxamento, voltamos à rotina de caminhadas sob o sol e partimos rumo à cidade de Conceição dos Gatos.
Nenhum de nós tinha idéia de como era a cidade ou de quanto tempo demoraríamos para chegar, mas àquela altura, tudo não passava de detalhes no nosso dia de exercício. Tínhamos comida, água e vontade de andar. O resto era sol e pó, literalmente.

Conceição era uma vilinha de duas ruas perpendiculares. Logo na entrada (pelo menos para os caminhantes que vêm das Águas Claras) fica a capelinha.
Era lá que deveríamos encontrar um segundo carro da Venturas que nos levaria até a Pousada Verde no Vale do Capão.
Enquanto esperávamos, acordamos o dono de uma venda e compramos algumas bebidas geladas para matar ainda mais a sede que teimava em continuar.


Conceição dos Gatos Posted by Hello

O carro chegou atrasado e absurdamente empoeirado, mas como nós também não éramos exemplos de limpez, tudo ficou legal e nos acomodamos na Rural.
Antes da pousada, porém, tínhamos mais uma parada: uma cachoeira muito legal, cujo nome eu realmente não me lembro. Entre pedrinhas assassinas para os pés, trocas de roupa ao ar livre e uma tonelada de frutas consumidas assistindo ao pôr do sol, curtimos bastante a última atração do dia e não deixamos de mergulhar nas águas negras da piscina natural.


A cachoeira do esquecimento Posted by Hello


Mais da cachoeira do esquecimento Posted by Hello

Novamente secos e empacotados, chegamos à vila do Vale do Capão quando já era noite. Circulamos pelo centrinho, compramos pão doce e artesanato e nos abastecemos de água para o dia seguinte.
Áquela altura só queríamos banho e cama e conseguimos nosso objetivo poucos minutos depois. O Michel (que morava na vila) nos deixou no carro e acertou o horário para o dia seguinte. Além disso, ele nos indicou o lugar do jantar e nos orientou sobre o que já estava coberto ou não no pacote.

Após o banho, algum descanso e nenhum namoro depois, pegamos os franceses e fomos jantar. Apesar da aparência simplória do lugar, fomos supreendidos por um delicioso frango xadrez, cortesia de alguns paulistas que largaram a publicidade para ganhar a vida servindo comida para turistas na Chapada.
Foi uma ótima maneira de terminar um dia tão cansativo.
Nem a idéia de que o dia seguinte seria ainda pior conseguiu nos tirar o sono de anjos em que embarcamos.