domingo, agosto 22, 2004

O segundo dia

A manhã em Petrópolis começou preguiçosa e ensolarada. Não tivemos coragem de abrir a porta de madeira que dava para a jardim com medo de curtirmos demais o lugar e perder nossa vontade de seguir viagem.
A pousada era tão legal que esse tipo de risco era real e imediato.

O café da manhã voltou a nos impressionar pela personalização: cada mesa estava posta com a indicação perfeita das necessidades das pessoas que estavam hospedadas nos quartos ou nos chalés. A nossa, obviamente, contava com dois jogos de louças e talheres e as demais, além de maiores, estavam bem mais equipadas.
Como fomos os primeiros a acordar, não conseguimos saber se a Roberta havia acertado em todas as mesas, mas àquela altura isso já era irrelevante.
Não sei se ela consegue fazer isso durante a alta temporada, mas certamente é um detalhe que impressiona e cativa.

Depois do café, pegamos um mapa da cidade e saímos para conhecer as atrações imperiais. Havíamos decidido ficar um pouco mais na cidade e atrasar a partida para Vila Velha.
Deixamos o carro no Centro e começamos a nos planejar quando chegamos à praça central da cidade. Segundo o mapa, de lá era possível chegar a pé a uma série de atrações localizadas no Centro. Como já havíamos rodado como doidos no dia anterior, aquilo nos pareceu uma benção.

O nosso primeiro objetivo era visitar o Museu Imperial já que imaginávamos que seria o mais demorado e bonito. Infelizmente a Roberta havia nos dado a informação correta e o museu só abria às 11:00.
De lá fomos para a Catedral da cidade, que infelizmente estava em reformas. Não conseguimos entrar mas vimos belos vitrais e detalhadas esculturas na fachada.


A Catedral Posted by Hello

Ao lado da Catedral ficava a casa da Princesa Isabel, mas como ela não estava aberta à visitação, não gastamos muito tempo na fachada.
No caminho para a Casa de Santos Dummont passamos pelo palácio dos Presidentes e por outras construções igualmente históricas.
A casa do inventor do avião ficava em um barranco e ao lado havia um belo relógio de flores. Tive que reunir bastante ânimo para conseguir subir os degraus que separavam a rua da entrada da casa, mas até que valeu a pena. Não sei como ele conseguia viver em um lugar tão pequeno e apertado, mas dava mesmo a impressão de que ali havia sido o lar de um cara à frente do seu tempo.


Casa de Santos Dummont Posted by Hello

Como não poderia deixar de ser, a casa tinha um belíssimo exemplar de escada Santos Dummont, aquela onde o degrau só permite a colocação de um dos pés. Ainda bem que ela estava fechada ou mais de um desavisado acabaria despencando lá de cima.


A tal escada Posted by Hello

Com toda essa caminhada, o tempo já havia passado e já estava na hora de voltar ao Museu Imperial. Isso atrapalharia ainda mais nossos planos de saída da cidade, mas achamos que valeria a pena já que dificilmente voltaríamos àquela cidade.


O Museu Imperial Posted by Hello

Apesar de se parecer muito com o Museu do Ipiranga que conheci na infância, o Museu Imperial é muito organizado e preservado. Infelizmente não pude tirar fotos dos aposentos onde D. Pedro fazia suas necessidades e nem dos berços dos filhos que morreram pouco depois de nascerem.
Em geral, o museu conta a rotina da família e as formas de lazer que eles aproveitavam. Tudo muito luxuoso e curioso.

Saímos correndo do museu pois já era mais de meio dia e tínhamos que deixar a pousada.
A Roberta, simpática como sempre, nem ensaio alguma cobrança adicional e nos orientou sobre a melhor maneira de pegar a BR rumo ao Espírito Santo.
Deixamos Petrópolis meio decepcionados com o que encontramos mas felizes por termos conhecido alguns lugares que participaram da estória do país de alguma maneira.
Tudo estaria dentro do planejado se não tivessemos cometido um erro crucial: pegar de volta o cartão de crédito com o qual pagamos a conta.
Esse deslize nos custou um retorno de 70km (foram 140kn a mais no total) e três horas de atraso no programa.
Como estávamos de férias, o episódio teve seu impacto minimizado naquilo que foi possível e seguimos viagem. A casa da irmã gêmea da minha mineira nos esperava.

Infelizmente, devido ao atraso, acabamos pegando parte da viagem sem luz natural e sem conhecer a estrada. Vale lembrar que aqui também optamos por fugir do Rio e novamente ficamos com a impressão de que não valeu a pena devido às condições das estradas cariocas.
Entre mortos e feridos, Vila Velha nos recebeu novamente de braços abertos e bacalhau na panela. Santo talento culinário do marido da cunhada!