sábado, setembro 09, 2006

Chegando a Santiago

Apesar de estar praticamente de olhos fechados quando desci do táxi, nossa chegada a Guarulhos foi bem tranqüila. Havíamos agendado um táxi na noite anterior para não correr risco nenhum e, como sempre, ele chegou antes da hora e nos obrigou a uma pequena aceleração no desembaraço do café da manhã e da escovação dentária.

Conforme planejado, chegamos ao balcão da TAM bem antes das duas horas tradicionais e não encontramos ninguém. Por sorte os funcionários da companhia haviam chegado alguns minutos antes e não tivemos problemas para fazer nosso check in.

Com o "chequinho" feito e com tempo de sobra, nos embrenhamos na La Selva, compramos algumas revistas para embalar as viagens, tomamos café da manhã mais uma vez, incrementamos nossa necessáire no Boticário, nos cansamos de fazer hora e fomos na direção do portão de embarque. Como a casa lotérica estava fechada, não havia mais razão para ficar enrolando.
A passagem na Polícia Federal foi bastante tranqüila. Nada dos constrangimentos de ter de dar meia volta por não ter preenchido corretamente os formulários de imigração, coisa obrigatória para um estrangeiro como eu. Mérito da experiência de viagens anteriores.

Fizemos uma passagem rápida pelos dois free shops que estão no caminho para o portão de embarque, com direito a uma reserva de 3 garrafas de Black Label a preço promocional e uma bisbilhotada nos preços dos perfumes. Como nossos recursos estavam muito excassos, não demoramos muito para estar junto ao portão de embarque e ansiosos pela decolagem, marcada para as 09:10 da manhã.

O avião era o confortável Airbus A-330, com formação dois-quatro-dois, o que causou diversas confusões entre os passageiros que não se preocupavam muito e ler as identificações de corredores e número de assentos: a ausência da fila B esquentou os ânimos de uma meia dúzia e causou a diversão de outro punhado de passageiros. Não cheguei a ver se do outro lado do avião também faltaria uma letra, mas já tinha me divertido o suficiente e consegui controlar facilmente a minha curiosidade.

A viagem foi surpreendentemente tranqüila, sem os tradicionais solavancos da travessia dos Andes e sem muitos problemas para achar o que fazer já que as poltronas possuíam monitores e canais de voz individuais. Escolhi ver "Os sem floresta" e não me arrependi.
Acabei o filme e ainda peguei o finalzinho de "X-Men 3" e do "Código Da Vinci" e me lembrei de como é fácil estragar algo que parecia o produto perfeito.

Por falar em Andes, foi especialmente bonito ver o mar de neve que só quem viaja no Inverno tem à sua disposição.
Como sempre havia viajado no Verão, aquele manto branco sobre as montanhas foi uma experiência inédita e inesquecível.
Valeu a pena sentar no colo de mais de um vizinho para conseguir um ângulo razoável para as fotos.


A recompensa pela viagem no inverno


O desembarque foi bastante tranqüilo, quatro horas depois da partida e sem os tradicionais empurrões dos vôos domésticos. Antes, porém, uma menção a algo que já é tradicional nas viagens para a terra natal: o aplauso no pouso.
Obviamente que só os chilenos aplaudem e, apesar de causar estranheza e riso nos não iniciados, acaba sendo uma apresentação do tipo de povo que o viajante vai encontrar em terra: sisudo, quadrado, mas carinhoso depois que começa a confiar em você.

Com os documentos preenchidos em mãos, pegamos nossas respectivas filas, passamos pela Imigração e nos encontramos na porta do free shop, que visitamos à jato, só para ter certeza que os preços do Brasil eram mais atraentes.
Não trocamos dólares na área de recepção de bagagem por temer taxas exageradas e com isso saímos da área de desembarque sem um único peso no bolso. Isso foi levemente constrangedor quando não consegui me livrar de um carregador de malas que me pediu um troco pela ajuda e que ficou com cara de poucos amigos depois de ouvir as minhas desculpas.
Se servir como dica, melhor não aceitar a ajuda de ninguém ou se preparar e ter uma ou duas moedas de 100 pesos para "comprar a sua liberdade".

Logo após esse "carão" vivemos um dos poucos momentos chatos da viagem: o assédio voraz e quase violento dos motoristas de táxis, vans e ônibus que se estapeiam para conseguirem passageiros e clientes.
Lutamos bravamente, quase não fomos mal educados com esse povo insistente e chato e finalmente conseguimos chegar a um telefone e nos afastar da saída dos passageiros.
Isso nos permitiu trocar dólares (cotação de 1 para 510, 765 pesos de taxas, resultando em 50235 pesos, o mesmo valor que teríamos conseguido trocando dinheiro dentro da área de desembarque) e escolher nosso transporte.
Como da vez anterior, optamos pelo ônibus da Tur Bus que nos deixaria no terminal de ônibus dessa empresa e bem ao lado de uma estação de metrô (Universidade de Santiago, linha Vermelha). Para quem já deseja partir de ônibus para fora de Santiago, essa acaba sendo a melhor opção, tanto em termos de tempo, quanto em dinheiro.

Infelizmente para nós as coisas não eram tão fáceis já que ficaríamos em Santiago por alguns dias e acabamos entrando em um táxi de rodou muito até chegar à Calle Nueva de Lyon no bairro de Providencia, nosso lar dentro da Capital.
Analisando melhor as opções que tínhamos no aeroporto, teria sido melhor pegar uma van da mesma Tur Bus, pagar $ 4000,00 por cabeça e ir direto para o endereço desejado.
Fica como lembrete para a próxima vez.

Chegamos ao apartamento do meu amigo, descarregamos a bagagem, começamos a colocar a conversa em dia e logo fomos matar quem estava nos matando.
Como queríamos comer algo típico da terra, meu amigo ligou para alguns conhecidos, se informou e nos levou para um restaurante lá no final da Avenida Las Condes chamado Doña Tina.
O lugar me lembrou da velha e boa Peña Don Fernando na Aldeia de Carapicuíba, pelo chão de terra batida e pelas mesas no meio das árvores. Bons tempos aqueles.
Até aquele momento a gente não sabia, mas a franquia havia ganho recentemente o prêmio de melhor empanada de Santiago, o que não é pouca coisa.
Obviamente, mandamos ver uma empanada de pino (carne em cubinhos bem pequenos, cebola, azeitona preta, uva passa e ovo cozido) para abrir o apetite e optamos por um belo salmão com purê picante como prato principal.
Para beber, a óbvia escolha de um branco da casa, apesar da minha declarada e pouco acadêmica preferência por tintos encorpados.

Depois do almoço, tomamos o mesmo táxi da ida, com quem havíamos combinado o horário da saída, e fomos tomar um café no belo e caótico shopping Parque Arauco.
Como não tínhamos a menor condição de digerir nada mais, apenas acompanhamos meu amigo que se divertiu com um capuccino lotado de chantilly e uma media luna, quitute típico argentino.
Antes de voltar para casa, fomos até um guichê da Tur Bus, maior empresa de ônibus do país, em busca de passagens para o feriado da semana seguinte. Meu amigo havia esquecido de se planejar e agora corria contra o relógio para arrumar alguma forma de ir até Pucón ou Chillán.
Como já era esperado, não havia nenhum tipo de passagem e voltamos para casa meio decepcionados.
Ainda bem que nós sairíamos de Santiago antes do feriado, o que não deveria nos trazer problemas com passagens e transporte.

O programa da noite foi em um complexo de restaurantes chamado Borde Rio.
A noite escura e as centenas de voltas dadas pelo táxi me impedem de dizer com exatidão onde fica esse lugar, mas garanto que vale a pena pagar um pouco mais pela corrida e visitá-lo.
Para quem está hospedado no Marriott ou no Hyatt, até que o passeio não sai tão caro.
O lugar ficava, obviamente, ao lado de um rio que acredito ser o Mapocho, onipresente em boa parte da cidade, e contava com um espaçoso estacionamento e uma ampla oferta de restaurantes temáticos ou internacionais, todos muito bem decorados e chamativos dentro do seu estilo.
Escolhemos um lugar chamado Lamu Lounge e fomos surpreendidos por um dono que falava um português perfeito e sem sotaque. Na verdade, ele falava tão bem o espanhol e o português que fiquei na dúvida sobre a origem do fulano.
Para nos deixar ainda mais à vontade, fomos atendidos por garçons mineiros e comemos porções de aperitivos (tapas) tailandeses e mexicanos. Para beber, novamente um vinho da casa, desta vez um tinto apenas razoável.

No caminho de volta para casa (novamente de táxi) comentamos a possibilidade de ir até uma estação de esqui, de visitar Viña e Valparaíso e de conhecer algum vinhedo próximo.
Como a previsão do tempo mencionava grande chance de chuva, acabamos optando por passear um pouco no Centro e decidir nosso destino durante o dia.

Gastos do dia:
Táxi para o aeroporto (São Paulo): R$ 70,00
Revistas: R$ 39,79
Café: R$ 22,10
Boticário: R$ 21,90
Free-shop: R$ 75,21
Ônibus para o Terminal Rodoviário (Santiago): $ 2800,00 ($ 1400,00 cada um)
Táxi do Terminal para Providencia: $ 5000,00
Almoço: $26550,00
Jantar: $24200,00

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