segunda-feira, setembro 11, 2006

Infeliz aniversário

Mais um aniversário do golpe. O primeiro que passei no Chile desde que vim para o Patropi.
Apesar de ter voltado várias vezes para a terra natal, era sempre Verão o que nunca me permitiu contato com o ranço e com a mágoa que este dia segue trazendo para o povo chileno.
Neste dia, 33 anos antes, Pinocho e seu dinheiro yankee derrubavam Allende, um presidente socialista que, se não estava fazendo um governo perfeito, ao menos contava com o apoio do povo.
Sei que isso pode render uma conversa de horas sobre se foi bom ou ruim para o país ter uma ditadura militar, por isso vou voltar para as questões turísticas.

Se para mim aquela data não representava muito, para os que ficaram no Chile ela dizia tudo e era a ocasião perfeita para extravasar toda a sua raiva e frustração.
Alguns aproveitam para mostrar a sua safadeza também, mas graças a Deus esses são minoria.
Por conta do medo de ficar presos em alguma confusão, resolvemos ficar longe do Centro e mais longe ainda de Valparaíso, sede do Congresso, onde tradicionalmente acontecem enfrentamentos entre manifestantes e carabineros.

Nosso programa naquele dia seria bastante simples: visita à vinícola Cousiño Macul e compra das passagens para Concepción (para visitar a minha irmã) ou Villa Alegre (para matar a saudade do colo da minha avó).
Ligamos para a vinícola paa garantir o lugar e caminhamos até a estação Los Leones para ir até lá.
Tínhamos a opção de visitar também a Concha y Toro, mas como tenho um carinh especial pelo Antiguas Reservas, preferimos a Cousiño mesmo.

Fizemos baldeação para a linha 5 (azul) na estação Tobalaba e seguimos por nove estações até Quilin. Saindo da estação, pegamos um táxi em frente a um supermercado e rapidamente chegamos à vinícola.
Poderíamos ter feito o trajeto a pé, mas não tínhamos idéia da distância e preferimos não arriscar.


A Cousiño Macul


Ao chegar, percebemos que não éramos os únicos visitantes do Brasil.
Aliás, os não brasileiros eram minoria, apenas uma família de aparência européia e eu, que apesar de parecer brazuca, ainda sou chileno de nascença.


Enoteca


O passeio foi muito interessante e vimos a Enoteca, os tanques de madeira (históricos) e de aço (mais atuais), os barris de envelhecimento e também o maquinário original da época em que a vinícola foi fundada.
O ponto alto da visita foi a degustação do vinho Gris, um vinho feito com uvas Cabernet Sauvignon, portanto tinto, mas que utiliza o processo de elaboração do vinho branco, ou seja, a fermentação não utiliza a casca da uva que acaba dando a coloração ao líquido.

O tal Gris era um vinho leve e delicioso, ideal para ser tomado no Verão já que fica bom mais fresco, quase gelado.
Foi necessária apenas uma tacinha (que aliás era um brinde incluído na visita) para que nos convencêssemos de que valia a pena comprá-lo e foi com essa intenção que finalizamos a visita e fomos gastar alguns dinheiros na lojinha da Cousiño.
Tive que resistir à tentação de comprar bonés, chaveiros e camisetas e me concentrei apenas nos vinhos.


Maquinário vintage


Depois das compras, ficamos conversando com um grupo de brasileiros que estavam de viagem marcada para Macchu Picchu por terra e ficamos espantados com a disposição deles. Quer dizer, fiquei sem saber se o que os motivava era a disposição ou a total falta de conhecimento sobre o que eles encontrariam por lá. Vai saber.

Mais um táxi (por conta das garrafas compradas) e uma viagem de metrô e estávamos de volta a Los Leones, justo a tempo de largar as coisas no apartamento e arrumar uma mesinha no interessante restaurante Giratório, que ficava ali do lado.
Como o nome já diz, a principal atração do lugar era a sua movimentação que causou um belo desconforto no início, mas que depois nos divertiu bastante.
O maquinário do restaurante faz com que ele dê uma volta completa em cerca de 90 minutos, o que garante uma refeição "movimentada".
A comida era boa e o vinho também.

De barriga cheia, emendamos uma nova viagem de metrô até a Escuela Militar e finalmente fechamos um passeio para esquiar.
Achamos que nosso nível "amebóide" de esqui não merecia Valle Nevado e por isso fechamos com El Colorado, uma estação próxima, muito mais simples e sensivelmente mais barata.
Nosso pacote incluía o transporte de ida e volta em van, o tíquete para a pista e uma aula básica para garantir que a gente não se matasse logo ao colocar os esquis.
O caro equipamento (esquis, roupas, luvas, botas e bastões) teve que ser alugado à parte.

Com o passeio do dia seguinte garantido, restava comprar as passagens de ônibus para o Sul. Como eu finalmente havia conseguido falar com a minha avó, resolvemos ir para Villa Alegre e por isso pegamos novamente o metrô na Escuela Militar e seguimos a linha vermelha até a estação Universidad de Santiago, onde ficavam as empresas que iam para onde queríamos.
O metrô estava super-lotado e tivemos bastante dificuldade para não sermos esmagados, mas o final tudo deu certo, conseguimos comprar nossas passagens (em dinheiro, por que eles não aceitavam cartão) e voltamos para o apê.

Antes de jantar, demos um pulo na Falabella paa comprar um presente para a minha amada sobrinha e logo depois rumamos de carro (que medo) para o elegante bairro de El Golf, um lugar renovado, cheio de prédios bonitos e com um inconfundível ar de Berrini, tal a sensação de estar rodeado de grandes empresas,
Nosso destino era o aconchegante Akai Sushi, um japonês gostoso de barato, onde encontramos um casal amigo do meu amigo. Ele era peruano e ela colombiana, mas isso não fazia muita diferença na nossa mesa internacional.
O curioso é que, naquela mesa, chilenos eram minoria: só eu.

Voltamos para casa meio correndo por que o dia seguinte seria pesado e começaria muito cedo.

Gastos do dia:
Metrô - $ 3700,00
Vinícola (passeio) - $ 10000,00
Vinhos - $ 35320,00
Táxi - $ 1550,00
Táxi - $ 1500,00
Almoço - $ 26500,00
Chocolate - $ 990,00
Equipamento de esqui - $ 56000,00
Aulas de esqui - $ 31000,00
Passagens de ônibus - $ 9000,00
Presente - $ 2990,00
Armário (no supermercado) - $ 100,00
Supermercado - $ 2770,00
Jantar - $ 8000,00

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